Na tarde da última sexta-feira (5), reuniram-se no Auditório Carroceiro “Zé Bonito” na Santa Casa de Campo Grande, representantes de hospitais filantrópicos de todo o Estado para discutir as condições de contratualização e pagamento na relação com o Poder Público. A reunião é organizada pela Federação das Instituições Filantrópicas e Beneficentes de Mato Grosso do Sul (Febesul) e agregou, além de associados, algumas instituições que ainda não compõem a instituição.
O encontro foi dirigido pelo presidente da Santa Casa, Dr. Esacheu Nascimento, que há alguns dias assumiu, também, a direção da Febesul, juntamente com a vice- presidente, Rosa Conceição da Costa Vilas Boas.
Durante a reunião foram compartilhadas as experiências de cada uma das entidades em suas atividades de prestação de serviços ao SUS e privados, e também as insatisfações pelos atrasos dos repasses públicos, que têm sido comuns a todos. De modo geral, o mesmo impasse ocorre em todos os hospitais filantrópicos e é comum a dificuldade de entender a política pública no estado, relacionada à saúde.
Abel Barbosa, presidente da Associação Beneficente Ruralista de Aquidauana, expressou sua indignação quanto falta de sensibilidade dos gestores e políticos com o sistema e com a assistência às pessoas. Ele fez a observação ao comentar o fato de estarem há cinco anos sem reajuste, enquanto seus insumos e mão-de-obra não seguem a mesma lógica. “O que estes senhores estão pensando?”, indagou.
Rangel Peterson, diretor administrativo em Três Lagoas, admirou-se de terem usado sua instituição como exemplo de sucesso há algum tempo. “Como assim, sucesso? Não existe sucesso nesta área, trata-se de sobrevivência”, disse. De maneira geral é grande a crítica ao Poder Público que, segundo relato de alguns, “colocam a saúde como prioridade nas eleições, mas quando assumem o discurso é outro”.
Na posição de presidente da Febesul, Nascimento, falou da importância da parceria das instituições em favor de suas causas. “Se não chamarmos atenção às nossas necessidades como instituições, outros não o farão. Por isso esse encontro serve para nos fortalecer e continuar na luta pelo objetivo comum, que é ter condições de dar assistência adequada às necessidades das pessoas”, explicou. Na reunião, cada dirigente teve a oportunidade de externar seus relatórios, dúvidas, questionamentos, além de compartilhar sugestões para otimizar as contas que, de maneira geral, são deficitárias.
Participaram da reunião os representantes de Bonito, Três Lagoas, Bataguassu, Amambai, Aquidauana, Bela Vista, Itaquiraí, Caarapó, Jateí, Sidrolândia, Novo Horizonte do Sul, Anastácio, Paranaíba, Camapuã, Fátima do Sul, Glória de Dourados e Dourados, além de instituições da Capital.
A conclusão, baseada na exposição da realidade geral, é de que um caos permeia o Sistema de Saúde em todo o Estado e, caso não haja uma postura de solução por parte dos gestores públicos, tal descaso levará a uma situação de desespero em algum tempo.
Como lembrou o superintendente do Hospital Evangélico de Dourados, Públio Vasconcelos,
os déficits tornam a atividade das instituições insustentável e aos poucos vão sendo suspensas cirurgias complexas, como oncológicas e cardiológicas. “Os custos com a manutenção aumentam acima da inflação e não há reajuste da tabela”, explica. A unidade possui 162 leitos e é referência para diversas cidades da região sul do Estado.
O presidente, Esacheu Nascimento, informou que será confeccionada uma planilha com as principais demandas de cada instituição, com seus problemas e dívidas, e a mesma será encaminhada ao Governo do Estado, para que este possa colaborar com soluções o mais rapidamente possível.
Atualmente, 35 unidades hospitalares são filiadas à entidade e todas enfrentam dificuldades com o sub-financiamento do Sistema Único de Saúde e com os atrasos nos recebimentos dos recursos. Tais problemas precarizam o atendimento de saúde aos cidadãos, que é uma responsabilidade constitucional do Poder Público.