
Um dos requerimentos foi subscrito por todos os deputados. Tratava-se de uma recomendação ao Governo do Estado para que, daqui pra frente, todos os benefícios fiscais concedidos passem pelo Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI), e que fosse montada uma equipe multidisciplinar com as Secretarias de Estado envolvidas no processo de tributação para a checagem da aplicação dos benefícios fiscais concedidos.
O deputado estadual Pedro Kemp (PT), membro da Comissão Parlamentar de Inquérito, comentou o assunto. “Uma questão que nos chamou a atenção foi a falha na fiscalização do cumprimento dos compromissos por parte das empresas que recebem os incentivos fiscais aqui no nosso Estado. A Secretaria de Fazenda confia apenas na documentação que a empresa apresenta. É extremamente importante que o Estado faça a fiscalização in loco para verificar quais foram os investimentos realmente feitos, por essa razão está sendo feita essa recomendação ao Governo”, disse.
O deputado Paulo Corrêa explicou os procedimentos já realizados pela Comissão. “Com apenas duas semanas de trabalho foram verificadas aproximadamente 1.100, das 1.800 notas do primeiro TARE, que compreende a atual gestão. São 5 TAREs ao todo a serem fiscalizados, que somam 4 mil notas fiscais com investimentos em torno de R$ 1 bilhão e incentivos fiscais de R$ 350 milhões. Nós estamos pedindo informações à JBS, à Secretaria de Estado de Fazenda, à Receita Federal e ao Ministério do Trabalho, para verificarmos se a empresa gerou empregos e renda, se aumentou o número de abates de bovinos nos frigoríficos, se houve modernização e ampliação nas unidades. Já encontramos notas que não estão em conformidade com o que a JBS prometeu em contrapartida aos incentivos fiscais. Faremos um diagnóstico e iremos nas unidades comprovar se a empresa está realmente cumprindo o acordo com o Estado, se a mesma não estiver, vamos atrás do recurso que pertence a Mato Grosso do Sul”, enfatizou.
TAREs são os Termos de Ajustamento de Regime Especial que a empresa JBS firmou com o Governo do Estado, bem como os aditivos, notas fiscais e detalhamentos sobre os incentivos fiscais concedidos. Foi informado que a advogada Fernanda Regina havia protocolado nesta quarta-feira (12/7) na Comissão a entrega dos originais das procurações e documentos anexados exigidos pela CPI à holding J&F, que controla a JBS. A data de hoje era o prazo final.
Também estavam presentes na reunião os deputados membros da Comissão Parlamentar de Inquérito das Irregularidades Fiscais e Tributárias do Estado de MS, Flávio Kayatt (PSDB), relator, e Eduardo Rocha (PMDB), vice-presidente. Devido ao recesso parlamentar, os trabalhos internos da CPI terminarão no dia 17 de julho, e retornam no dia 1º de agosto.
CPI – A CPI foi constituída para investigar a denúncia realizada pelos executivos da JBS, Joesley Mendonça Batista, Wesley Mendonça Batista e Ricardo Saud, do pagamento de diversas notas fiscais ‘frias’ emitidas por pessoas físicas ou jurídicas entre os anos de 2010 a 2017, sem o devido fornecimento de bens ou serviços, em contraprestação à suposta concessão indevida de benefícios fiscais pelo Estado de Mato Grosso do Sul.
Agência Câmara