A família do ex-sargento do Exército e motorista de aplicativo Lucas Dantas do Nascimento, de 28 anos, acusa a organização do evento Terratronic, que aconteceu no último final de semana em um sítio em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, de negligência e demora no socorro do rapaz. Na tarde do último domingo (14), Lucas teria se sentido mal e desmaiado na piscina, um dos espaços da rave, e só teria sido retirado de lá 20 minutos depois, já sem vida, por outras pessoas, que chamaram a brigada médica.
O corpo de Lucas foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML) de Campo Grande, na Zona Oeste, passará por autopsia na manhã desta terça-feira (16) e deverá ser enterrado ainda nesta terça no Cemitério Nossa Senhora do Belém, também conhecido como Cemitério do Corte 8, em Duque de Caxias.
Ao g1, a advogada Adriana Anjos, madrasta de Lucas, contou que ele havia dado baixa no Exército e estava feliz após comprar um carro para rodar como motorista de aplicativo.
Adriana falou que era comum o enteado participar de festas com os amigos. Ela, no entanto, denuncia a negligência da administração do festival. A mulher afirma que o jovem já chegou morto no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, a poucos quilômetros do local da festa.
“Ele estava com amigos e caiu dentro da piscina e se afogou. Contaram que ele ficou mais de 20 minutos debaixo d’água. Depois disso, acharam o Lucas e os paramédicos do evento teriam tentado reanimá-lo. Mas ele já havia morrido. Os amigos disseram que ele estava roxo e, quando estavam colocando-o na ambulância, deixaram o corpo cair no chão. Uma total falta de respeito”, diz Adriana.
A advogada contou ainda que a família só soube da morte do ex-sargento do Exército por postagens nas redes sociais.
“A mãe, as irmãs e o pai souberem da morte do Lucas pela internet. Uma falta de respeito, principalmente, com a mãe, que lutou para colocar ele nas melhores escolas, dar bons cursos, dar uma boa estrutura de vida. O Lucas sempre foi muito centrado. A gente só quer saber o que aconteceu. Só queremos que a Polícia Civil faça uma investigação para saber o que aconteceu. Exigimos uma autopsia”, afirma a mulher.
Em um áudio, uma jovem que estava no evento contou que presenciou outras pessoas tendo convulsões e não recebendo socorro dos paramédicos do local.
“(Eu) vi uma mulher que estava babando lá também, espumando (o canto da boca), e os bombeiros ficaram parado, olhando, não fizeram nada, não reagiram. Aí, uns amigos meus estavam perto e tentaram ajudar ela, não sei o que aconteceu que ela voltou normal”, disse a testemunha.
“Foi negligência também. Eu acho que eles… não sei, não sei, se tem equipe médica suficiente para socorrer (as pessoas). E isso é uma falha, né? Muita gente passando mal também, bombeiro passando para lá e para cá, mas não sei se resolvia o problema”.
O que dizem as autoridades
Em um post nas redes sociais, a direção do ‘Terratronic’ disse que Lucas deu entrada, debilitado, no posto médico do local e foi socorrido em uma UTI Móvel ao Hospital Pedro II, onde morreu. A publicação disse ainda que se solidarizava com a família e se colocava à disposição para apoio necessário.
A festa também emitiu a seguinte nota:
“A equipe Terratronic esclarece que o evento realizado no último domingo 14/04/2024 aconteceu com toda a documentação necessária e exigida pelos órgãos públicos, atendendo todo o quantitativo de prestadores de serviços exigidos pela legislação, ressaltando que durante todo o período o evento contou com guarda-vidas, brigadistas, posto médico, ambulância, médico, enfermeiro e seguranças.
Afirmamos que prestamos apoio e solidariedade à família do jovem Lucas Dantas do Nascimento e nos colocamos à disposição não apenas da família como das autoridades responsáveis pela investigação.
Estamos acompanhando o caso com bastante atenção e cientes de que ainda não temos o laudo do IML, logo, é leviano realizar qualquer tipo de especulação sem que antes saia um laudo apresentando a causa mortis.”
O g1 tenta contato com a empresa para que ela comente as denúncias da família de negligência e de outras pessoas que teriam passado mal no local e não teriam sido atendidas.